Um acontecimento real - as sucessivas mortes de pessoas provocadas por ataques de leões numa remota região do norte de Moçambique - é pretexto para Mia Couto escrever um surpreendente romance. Não tanto sobre leões e caçadas, mas sobre homens e mulheres vivendo em condições extremas.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Tendo em conta os contornos da narrativa, atravessada por cosmogonias, lendas, crenças e sonhos premonitórios, havia o risco de Mia Couto cair em estereótipos – ou, pior ainda, nas armadilhas do realismo mágico. Felizmente, tal não acontece. A sua prosa mimetiza a paisagem e flui como o rio que atravessa a aldeia. Não há demasiados afloramentos líricos, nem o exagero de neologismos que saturava muitas das obras anteriores. Sobretudo, afigura-se subtil e inteligente o modo de empurrar o leitor para o verdadeiro tema deste romance, que não é a caça (essa “alucinada vertigem” que acontece nas “costas da razão”), nem o receio da força bruta animal ou a “gestão das coisas invisíveis”, mas a trágica e “infindável” guerra entre homens que sempre abusaram do seu poder e mulheres educadas para a renúncia.»
José Mário Silva, Expresso
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